MATER

9/05/2010

A devoção, o fervor, a súplica galgaram a íngreme

montanha do medo; onde tudo repousava, árido, estéril,

[desolado.

O embrião sonhado no ventre, tantas vezes vingado

no nada, natimorto, imaturo, jazia envolto ainda nas gases

[do tempo infecundo.

Nenhum espanto, nenhum pranto, nenhum riso ainda.

Apenas o silêncio estendia sua pesada mortalha até os

[confins dos mundos.

A vida não encontrara ainda seu justo receptáculo.

A exata medida de sua potência.

O Universo, apenas concebido, da miraculosa comunhão

dos elementos forjado, ameaçava desabar no caos

[primordial.

Foi aí que surgiste, Mãe, das mãos de Deus até ao cerne

[pulsante.

Para seres então o Princípio, quando o germe ainda inconta/

minado pela fera determinação da forma, apenas em si

cabia, numa abstração de mundo.

Teu invencível amor, na cápsula estática de um tempo

sem tempo, foi simplesmente sossegado pressentimento.

A sonoridade de tua floração, amorfa e obscura, foi

o iniciático extravasar de um sol sobre paragens inaudíveis...

Surgiste, Mãe, das mãos de Deus, e tudo o mais se fez.

luis narval
Enviado por luis narval em 11/05/2010
Reeditado em 26/05/2013
Código do texto: T2251179
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