ÀS  PORTAS  DO PARAISO 


Passos lentos,
idade já avançada,
uma senhora se dirige para a entrada.
Ela está tranquila,
mas, muitos, alí, naquela fila,
estão na espera, inutilmente,
pois, ficarão de fóra, certamente.

Aguardam a entrada no céu,
entrada proibida a quem na vida  foi  incréu.
Ou,  entre os mortais,
tenha agido mal com seus iguais.
Pode-se dizer que a maioria,
tem entrada no portal, sem garantia,
por conta dos pecados consumados,
ou pelos bens não praticados.

A mulher se aproximou,
pois, surpresa, ouviu o anjo que a chamou
e,  face a face,   a   fitou.
Então,  tomou-lhe as mãos,
estavam gastas nos cuidados pelos filhos,
filhos nascidos e no tempo já crescidos.
Mirou  seus olhos,
viu vigílias nos seus traços
e  no   andar,  viu   cansaço  nos  seus  passos 
pelos  filhos   embalados  nos  seus  braços.
Também, o anjo, escolhedor de quem entrasse,
percebeu naquela mulher, através das marcas pela face,
as lágrimas, ainda que muitas de alegria,
por alguém feito mãe, no dia-a-dia.

Então o anjo, com reverência  no  sorriso,
disse à mulher:
- Seja bem-vinda, é mais uma mãe para habitar o paraiso!