GUERRA FRATRICIDA

Foram tantos os gritos,

e os olhares tão aflitos,

perdidos entre corpos e balas.

As vozes em tristes falas

ecoavam pelos detritos

de uma guerra fratricida.

Foram tantos os soldados,

infelizes e cruéis armados

para dizimar irmãos sofridos.

As rezas para os feridos,

os sinos sempre tocados

sob uma guerra fratricida.

Foram tantos os horrores

dos fanáticos dominadores

sobre os crentes injustiçados.

Dos conselhos os predicados

ante os sonhos e as dores

de uma guerra fratricida.

Pajéú, Abade, Macambira,

um povo só e sua ira

desvelada a sangue e fé.

Pedra e espinho, olho e pé,

a caatinga que conspira

numa guerra fratricida.

Pobres almas sertanejas,

vagando em suas pelejas

do passado e do presente.

No corpo o sangue quente

das desditas, das invejas,

filhas da guerra fratricida.

Fogo, água e fome,

uma história que consome

três cidades e seus viventes.

A esperança que vem e some

e os vestígios de uma ferida.

Canudos: guerra fratricida.

R. Dantas

Dezembro/06

betodantas
Enviado por betodantas em 28/04/2010
Código do texto: T2225531
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