Habeas corpus (à meu colega advogado Ângelo Márcio)
Você leu poesias e se permitiu sonhar,
Deixou por parcos instantes teu jeito severo de pensar.
Na primeira impressão tive medo,
Sou avessa a tudo tão certinho,
Liberou a mim teu pequeno segredo,
Que há um ser humano dentro do colarinho.
Permitiu que teu universo se mesclasse,
Tramitou pelas alas mudas e sistemáticas.
Soltou as amarras sem que se soltasse,
Sonhou tão alto e divorciou-se das coisas práticas.
Viu meu eu enclausurado,
Entendeu que eu ocultava meu riso.
Te escolhi para meu advogado,
Aquele que me fez ver novamente o paraíso.
É você o amigo não procurado,
Mas que deveras me diverte.
Já é por mim muito amado,
Não há coisa que Deus não acerte.
Existem caminhos incertos e tortos,
Existem pessoas vivas que se fazem de mortos,
Existe você que assinou meu Habeas Corpus.