Habeas corpus (à meu colega advogado Ângelo Márcio)

Você leu poesias e se permitiu sonhar,

Deixou por parcos instantes teu jeito severo de pensar.

Na primeira impressão tive medo,

Sou avessa a tudo tão certinho,

Liberou a mim teu pequeno segredo,

Que há um ser humano dentro do colarinho.

Permitiu que teu universo se mesclasse,

Tramitou pelas alas mudas e sistemáticas.

Soltou as amarras sem que se soltasse,

Sonhou tão alto e divorciou-se das coisas práticas.

Viu meu eu enclausurado,

Entendeu que eu ocultava meu riso.

Te escolhi para meu advogado,

Aquele que me fez ver novamente o paraíso.

É você o amigo não procurado,

Mas que deveras me diverte.

Já é por mim muito amado,

Não há coisa que Deus não acerte.

Existem caminhos incertos e tortos,

Existem pessoas vivas que se fazem de mortos,

Existe você que assinou meu Habeas Corpus.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 22/04/2010
Código do texto: T2211958
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