O Milésimo Nascimento De Madalena
Madalena, constelação de ossos
Construção da ponte essencial
Entre as eras, pelos milênios
Quero crer que és mais que
Renascer carne, pelos e urina
Mais que medo pânico, pequena
A simples coisa fina
O biscoito oswaldiano
Fabricado pra gente fina
Foder.
Madalena menina tão frágil
Teu ser. Ao nascer parecias
Que ias te diluir em miríades
De partes a partir do choro
Da criança em busca de
Segurança, de se valer
Há quanto tempo existes
Há quantos dias e noites
Parece que teu sonhar
Não tem fim. Há milênios
Teus olhos não param de
Piscar. Tua estrela não para
De brilhar na noite sem fim
Crianças sempre sonham
Que na próxima geração
Haverão de encontrar a paz
A harmonia, a arte de viver
Não encontraram. Nem por
Isso é em vão nascer
Há milênios persistes
Tua insegurança é a
Esperança que insiste
Em crer que há alguma
Coisa a mais em meio
A tantos eventos idos
Através das gerações
Esquecidos. As dores
Assistem a teus prantos
Áridos, o sangue jorra
de teus partos.
As gotas de chuva
Lágrimas gritadas
Orvalho no novo berço
Essênio em teu quarto.
Os milênios passam
Na vida continuas a ser
Dançarina, bailarina
Artista, atriz, meretriz
Globalizada pela cia.
Da telinha, persistes
Persistente, acreditas
Na chuva da qual
Tornarás a nascer
Mais um dia depositas
A flor de barro no
Jarro da esperança
Que nunca vai de vez
Morrer.
Um outro dia só vale
Para que teu sonho não
Cale ao entardecer.
Mesmo que o choro
Nervoso e pânico da
Nova criança ao nascer
Supere teu cansaço de
Aço. De saída novamente
Berras no trajeto antigo
Do agora espaço amniótico
Choras empapussada de
Sangue e gosma.
Tua rejeição de mãe
Te põe para fora
No ato antigo e tão
Atual de, de outra vez
Nascer