Elasinhas (II)
O que mais desejo
é essa coisa simples, fácil
tangível e intangível
chamada liberdade
que mais posso querer
da mais-valia de valor
máximo do viver?
Que estar exilado em ti
em tua cidadela de carne
mergulhado. Em ti sinto-me
mais livre, ao mesmo tempo
mais fora do mercado. Minha princesa,
minha mãe natureza, minha
caverna Sistina, minha "casa de Irene".
Linha limite, horizonte infindo
Beatriz, Penélope, Desdêmona
paixão real, ficção de personagens
os elementos em todos os estados.
A liberdade de estar contigo. Longe de você
estou perdido e desterrado
desnaturado de tua graça
Em ti tenho em mim todas as amizades
Margarida, Madalena, Dulcinéia e Julieta
As fêmeas do mundo
As que realmente contaram
os dramas, as tragédias, as paixões
Amar é sempre útil, se alguma inutilidade
No amar houver, quero senti-la contigo
ontem, hoje e amanhã, para o que der e vier
Você, minha concubina, dançarina do ventre
meu partido alto, guerrilheira de Eros
Angola, Congo, Belíndia, Paris, Londres
Rio de Janeiro, fevereiro e amasso.
Você, ritual de origem e finalidade
vinco de todas as tranças
de todas as mulheres desejos e idades
Afrodisíacas da lira, do canto, da lua
dos sambas enredos e da Harpa
Greenleeves de todas as bonanças
Você, animal, mineral, pássaro
borboleta, beija-flor, criança, sabiá
e pimenteira do pasto.
Você ciranda de todas as visitas,
turismo solar de fim-de-semana, uirapuru
fetiche adolescente, equilíbrio, harmonia
ovário. Você canção popular, destaque,
teclas pianíssimas dos poros, sáurio
mestruação, música clássica.
Você torna visível tudo que é essencial
a meus olhos.