*Olhos fixos no telefone*
Desejos... A palha seca que se espavoneia ignia e se consome
Ante o fogo da paixão. Meu corpo extremecido
Se debate na escuridão, o único som
É o gemido de meus ais, que corta o breu do leito.
Débil e relutante te procuro. Tua voz perdida
Nos quatro ou cinco toques, a falta deste som
Que agora me atormenta, tira-me o descanso
E sigo na penumbra como um candelabro,
Segurando a chama retorcida dos meus olhos
Fitando teu vulto, que dança no negrôr do meu quarto.
Teu corpo... Meu lábio incandescido, bebe o teu suor;
O cheiro suave das tuas vestes, de ti despidas
Impreguinam os meus lençóis. Sufocado!
Te afasto com meus braços, mas meus sussurros
Te trazem para perto de meus pensamentos,
Toco enrubecido tuas curvas com minha mente...
Noutro instante, sem nexo e razão, me deixas a sós.
As lágrimas vertem fervorosas e ateiam fogo em minha cama;
Apenas o ensejo dolorido persiste e se confunde
Nestas chamas que crepitam meu espírito espavorido.
Agora, os meus olhos fixos no telefone, esperando
Que tu me ligues. Este desejo ardente
Que mata e purifica, de expectativa por tuas palavras
Será o fogo que consome minha alma
Até o raiar do amanhã misterioso. Desejos... Desejos...
(Este poema é de Allan de Morais Martins feito e dedicado á Anne Laskowiski, vai o RL implicar com isto tbm?)