Camille Claudel
Triste verso que lhe digo
Que em forma de escultura
Faz teu útero meu abrigo,
Sozinho na beira da solidão.
- Loucura! Eles proclamam,
Amaldiçoados pelo destino.
É escura e vazia esta sala,
Que décadas passo aqui.
Sozinho...
Triste...
Lá fora pássaros cantam o dia
Ao som de um inverno
No mármore úmido e frio
Dos jardins da melancolia.
(Enquanto os contornos do teu corpo
Faz fugir a mente insana!).
Reascende, oh, fogo!
RAMON MORAYS
FEVEREIRO/2009
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A Virgem do meio-dia
É meio-dia!
Vejo a igreja aberta.
Será forçoso entrar.
Mãe de Jesus Cristo, não venho rezar.
Nada tenho a oferecer e nada a pedir.
Simplesmente venho para te olhar.
Olhar, chorar de felicidade e me dar
conta que sou teu filho e que tu estás aí.
Nada. Apenas um momento de parada.
Meio-dia.
Ser teu neste lugar em que estás.
Não dizer nada. Simplesmente contemplar teu rosto.
Deixar o coração cantar com sua própria linguagem.
Nada dizer, somente cantar
porque o coração transborda
como o melro que insiste no seu canto
em versos repentinos.
Porque é meio-dia
porque estamos neste dia de hoje.
Paul Claudel - irmão de Camille claudel