ZÉ CALADO ( * )
Os velhos tempos passados
Passando o tempo foi
Recordando as carreatas
O velho carro de boi.
Lindas lembranças
Daquele tempo passado
Do ranchinho de palha
Do preto velho Zé Calado.
Dona Maria
O cachorro latidor
Um papagaio
E a menina que ele criou.
Bem me lembro, eu ainda era menino
Do seu cavalo lavarino
Danado para marchar
Também não esqueço do trabalho pra pegar.
Seu Zé Calado, preto velho bão de prosa
Sua conversa bondosa, e aqueles causo bão
Quantas proezas, pra gente ele contava
Do tempo que trabalhava
Na fazendo do Belmirão
O quanto foi bão no laço
Patrão falava, peque a tropa minha gente
Vai buscar gado valente, no meio dos chavascais
Nas capoeiras, nos campos e cambaubais
Gado bravo que nunca foi nos currais.
A parada era dura, mas quem tem jogo de cintura
Isso é café pequeno
Fazenda Paula e Barrocão
Noís já pequeno.
Lá nas aguadas, meio dia noís pajeia
Perto da lagoa feia, tem uma grande maloca
Jogava o pialo, laçava punha na peia
Pra nos isso era passoca.
Seu Zé Calado
O quanto era bondoso
Seu olhar malicioso
Engraçado como quê, esses bons tempos
Nunca vou me esquecer.
Mesmo velhinho, veja só como que é
Ainda falava de amor
Não esquecia de muié.
( * ) A referida poesia é de autoria de ( Manoel da Silveira Corrêa - conhecido em Vazante-MG como: Manoel da Tunica). Disponível em: http://rogerioscorrea.blogspot.com