Era eu, ele e o violão
O tempo, a bebida e a canção
Como eu saberia
Naquele sábado a tarde
Que eu conheceria outro irmão.
Acordes de rebeldia
Não era música do Sul
Tinha letras que detesto
Eram loucuras do Raul.
Mas logo me adaptei
Ao seu gostar delirante
Falavam de amor, de protesto
Coisas de estudante.
Nos lugares preferidos
Para longas cantorias,
Tocávamos no Tonico de tarde,
No Maia o resto do dia.
Mas o tempo foi passando
Nós com as mesmas rebeldias
Esposas e filhos chegando
Limitando nossas folias.
Hoje temos novos planos
Trabalho, obras e correria
O violão abandonado
A voz espera pelo dia.
Que a música recompense
Com versos e melodias
Momentos em que a doença
Tirou-nos a paz e a alegria.
Espero que os teus sonhos
Sejam simples e concretos
Só não busque muito longe
O que você tem tão perto.
O amor de tua amada
O sorriso dos teus filhos
A mãe querida e honrada
Tudo para ser tranqüilo.
Os amigos, sabes quantos?
Não tem como os contar
Em mais de quarenta anos
Faz a todos alegrar.
Encerrando estes versos
Já com muita emoção
Quero ver aquela imagem
O Celso, o Dego e o Violão.