Um anjo sob o véu da noite

Este humilde poema é dedicado a uma amiga e escritora Priscila Sequeira

Nesta intensa escuridão que atravessa sua alma

Anjo da noite escura

Anjos de foice afiada

Que carrega as almas

Quando a dor se cala

Um anjo sem sabor

Um anjo sem calor

Um anjo sob o véu da noite

Um anjo clamou por mim esta noite

Esta noite estranha

Escura e passageira

Eu sou um homem solitário

Vivendo no uivo dos lobos cinzentos

Eu observo atentamente

Este anjo em minha frente...

Um anjo trajando armaruda negra

Com asas também escuras

Com olhar vago

Me chamou pelo nome

E me deu sua mão

Disse-me que queria me mostrar algo

Me chamou de criança

E disse que ainda não me levaria

Dei minha mão à ele

Como uma criança

Espera ser guiada por seu pai

Senti frio em suas mãos

E dor no meu coração

Quando percebi

Que o anjo não tinha coração

Que era apenas uma vaga presença

Dentro das sombras da noite escura

Anjo da morte é como ele disse

Que todos o chamavam

Que a morte era o fim da primeira viagem

Que a morte não causava dor

Porque a morte não era o fim

Eu disse a ele que não era essa minha dor

E ele ficou curioso

Quando abri meu sorriso em sua direção

E disse que sentia muito

Que ele não podia sentir isso

Ele fechou seus olhos.... e sorriu para mim

E desapareceu no véu dessa vaga noite

Fiquei pensando no porque dele sorrir

Acho que nem todos querem desistir na dor

Ja que a dor é o primeiro passo

Deste longo e curioso caminho

Que sempre percorremos

E a morte... é mais um pedaço deste caminho

E o que se estende após isso

Ninguem pode saber ao certo

Por isso no torna mais misteriosos

E mais interessantes

Para anjos como este

Para anjos que percorrem o caminho

Sob o véu da morte

Percebi que não valia a pena

Que a morte viesse tão rapido

Já que o caminho estava apenas no inicio

E a dor que os passantes levam consigo

Tende a ser a dor que todos

Carregamos conosco.