In Memorian ( aos torturados pela ditadura)
Ficar de olhos abertos a todo instante.
Constantemente olhos vermelhos nos alucinam.
E em cada livro não lido na estante.
Atordoantemente as mentes se atrofiam.
E então o que vais fazer? Pergunto eu!
Será este somente mais um dia cinza?
Vais ficar ai parado meu irmão?
Deixe fluir, pulsar, voar...Adrenalina.
A mesma mão que agride e bate acaricia.
E debruçado da janela vê a vida.
A desfilar dor e magôas na avenida
Em fantasias, confetes e serpentinas.
E voce? o que vais fazer? Pergunto eu!
Farás de tudo meramente um carnaval?
Enquanto as ruas se enchem de alegria.
Nos porões a morte canta um recital.
"Libertas quae sera tamen" é o que desejam.
Saia dessa sua inquietante absorção.
Quando o sol brilhar nas manhãs novamente.
A "arara" cantará outra canção.
Então será somente verão e primavera.
Não mais de dor os olhos chorarão.
Os livros então serão tirados das estantes.
Olhos alucinantes nunca mais nos olharão.