À Frederico Garcia Lorca
A Frederico Garcia Lorca
Geralmente os poetas morrem cedo
Morrem de vida os poetas
Sonham tediosas realidades
Despertam sequiosas utopias
Fagocitam as mais cruéis misérias humanas
Para com elas estercar os fugazes prazeres dos simplórios
Sorvem os sulfurosos dióxidos da crueldade
Enquanto exalam silvestres brumas
O poeta é o útero das paixões
O embrião da beleza
A vida que flui da penha estéril
Na poesia ávida
A vida do poeta
Há tanta vida no poeta
Que mil “parcas” com dez mil cutelos não lha bastariam
E de tanta vida
De tanto dar vida
Morre de vida o poeta
Graças
Pois se tarda ele a morrer
Morre antes a poesia
E então, nada mais resta a não ser a vida
Morta de tanto ter
Morre o poeta de ser
Morto de tanto viver