À Frederico Garcia Lorca

A Frederico Garcia Lorca

Geralmente os poetas morrem cedo

Morrem de vida os poetas

Sonham tediosas realidades

Despertam sequiosas utopias

Fagocitam as mais cruéis misérias humanas

Para com elas estercar os fugazes prazeres dos simplórios

Sorvem os sulfurosos dióxidos da crueldade

Enquanto exalam silvestres brumas

O poeta é o útero das paixões

O embrião da beleza

A vida que flui da penha estéril

Na poesia ávida

A vida do poeta

Há tanta vida no poeta

Que mil “parcas” com dez mil cutelos não lha bastariam

E de tanta vida

De tanto dar vida

Morre de vida o poeta

Graças

Pois se tarda ele a morrer

Morre antes a poesia

E então, nada mais resta a não ser a vida

Morta de tanto ter

Morre o poeta de ser

Morto de tanto viver

zai
Enviado por zai em 24/01/2010
Código do texto: T2047562
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