Tentativa frustrada de limitar
Tributos ao que se revela sem piedade
Mostra-se transparente enquanto esconde o que é
Tem o que é, procura o que pode ter e sente ausência do que é inacessível
É aqui que inicio o que chamaria de “Carta vulnerável”.
Quando o sol bate na janela do quarto
O beija-flor canta, ela se levanta e sorri
E quando sai lá fora vê a chuva e urubus em vôo rasante
Quando tem certeza do que quer, vê que é inconstante.
Os dejetos que são jogados ao acúmulo da vida em meio aos frutos estragados
Junta os cacos límpidos e guarda em um saco plástico
Monta com os mesmos um vaso e lá coloca uma flor bonita
Todos vêem que naquele pequeno gesto ela se mostra verdade amiga.
O campo está repleto de verde esperança, azul calmaria no céu e o vermelho do amor no coração
O dia passa, o sol já não brilha como antes, a lua aparece semblante da serenidade
A noite passa e a madrugada chega e enquanto todos dormem ela vê-se acordada
O dia e a noite passou, ela chegou atrasada, mas daqui a algumas horas tem mais.
O homem acha que é dono do mundo, confia em si mesmo mais do que ao Pai
Não lhe importa o quão maldoso é o seu ser, o que move é a ganância e a falta de serenidade
N’onde têm frutos tem saciedade, n’onde tem homem tem amigos, n’onde tem mentira há verdade e se passamos por ruas vemos calçadas
Pode parecer estranho, mas liga-se à impiedade do homem que a faz ter raiva, ser estressada.
Sagacidade não é o forte daquele que aprende com os erros e com o tempo
Gargalhadas que abraçam o mundo que escuta como música a dó, ré, mi fá de como é bom amar
Podes não gostar de elogiar e ser contrariada, contudo entende quem a tenta entender
Pode ser que seja previsível, mas foi imprevisível antes de se deixar prever.
Prefere a simplicidade dos dizeres, mas com palavras que sustentam o prazer do saber
O mundo é uma palavra que faz o próprio entender mesmo que não seja possível decorar
Ela ensina, mas ainda com repúdio a quem não sabe, contudo explica calma e sabe ensinar
Família traz o conforto de um castelo com fosso e muralha, reforçada com bravura
Briga com a mãe que compreende. Diz sentir raiva do pai que por vezes não entende
Cansa-se com a irmã que nada conhece, ama-a como a uma filha que é. Tenta estatizar o irmão sob os domínios do seu estado
Controla com e sem sabedoria o que um dia foi, mas hoje não pode ser controlado.
Tem sobre a negritude a confiança angelical.
No escritor solitário um apreço congênere.
Sente a feminilidade amiga com vontade
No acolhimento da casa cheia de mantimentos
Vê que às vezes sempre os avós são importantes e guardamos dentro de nós.
As luzes se apagaram e o escuro se fez presente
Não havia fósforo, fogo, nem algo para iluminar
O sorriso que traz alegria aprendeu a sorrir quando soube amar
E deixou que a solidão do trovador solitário ficasse em um canto a esperar.
É engraçado quando vemos que o portão está aberto e há alguém lá fora
Só que deixamos tudo como está porque temos medo de que seja algum ladrão
Não nos propomos a fazer loucuras mesmo quando elas são feitas
Porque em meio às novidades ela se atormenta e isso invade o coração
Ela se lembra do seu interior e recorda-se da sensação que sentiu quando viu que tudo era apenas atração.
Quando acredita fielmente no que quer ela não se move
Continua ali parada e se algo tentar atrapalhar ela o arremessa
Não se controla quando o ímpeto dos seus sentimentos a faz perder a cabeça
Mas quando o que está para atingi-la chega próximo ela afasta e desvia, machuca, mas cura.
Silhueta do algoz que a leva para a guilhotina ainda encarcerada
Ao colocar a sua cabeça na madeira que ali é apoio olha para a platéia
Está ensangüentada, mas o olhar confunde, é camaleão
Um indivíduo da platéia encanta-se, choca-se com um lance de olhares repentinos
Então joga a corda e a salva do precipício de quem se arrisca a sonhar
Tudo por um singelo encanto, a troca de um olhar.
O salvador dá-lhe o pão e o leite enquanto bebe da água que acabou de salvar
A prisioneira do monstro que a salvou agora procura a felicidade
Dentro d’onde estavam viu estar com quem ultrapassa as barreiras das palavras galardoadoras
No criado-mudo vários papéis, documentos fiéis que a fizeram serenar
A prova do crime de quem a fez reviver, um escritor que sabia o que poderia pensar.
Foi pedida uma descrição da representatividade de quem se ousa falar
Naqueles pedaços de papéis as palavras de quem procurou o amor sem cessar
Tentou dizer a ela o que ela é. Ilimitada, por isso uma tentativa frustrada de limitar
Enfim o poeta entendeu que certas poesias para ficarem boas não precisam ter palavras nem significados, é preciso apenas amar!
Para Natália Aline de Andrade, a pessoa que mostrou para o mundo que o poeta sabe o que diz, o que pensa e o que faz, agora todos sabem que O AMOR EXISTE!!!