INEXORÁVEL

Ele partiu quando era um menino

Não havia sorrisos, nem fulgor

Não mais encadeava seus ideários

E se foi, deixando-me aqui, sozinho

Estilhaçou meu cerne de templário

E mirei o mundo, assim desnudado

Um cavaleiro sim, mas neo herege

A reaprender os preceitos do amor

E cadê aquela figura sua impoluta

Que me mantinha sempre atinado

Quede a fotografia do meu destino?

Aquela, apontando a minha luta...

Donde ficou aquele sorriso sapeca?

Navegou com suas grenhas alvinhas

E então cadê o meu espectro de dor?

As lágrimas secaram igual tua voz

Aquela que sempre me deixou alerta

Quer nas risadas ou no meu tremor

Ficaram os frutos, esses brilhantes

Do jardim que você me consagrou

E quando partiste aquela lua lá

Lembrou me aquele gato que sorria

E uma estrela, apenas uma a brilhar

Os olhos secos e o futuro por vir

Senti então que Hiroshima era aqui

Eu quão órfão há algum momento

Vasculhei célere o meu dissabor

E degustei o fel da palavra Adeus

Foste, embalado pelo primo vento

Seguindo apenas com o nosso amor

E nos deixaste estes ensinamentos

Quem ama sempre cuidará dos seus

E da inechorabilidade do Tempo!

Ao meu querido Pai, falecido em 27/08/2009, com alzheimer.

Sempre choro a tua ausencia, Pai, sempre chorarei!

In http://poeresias.blogspot.com