Doce Quimera
Como posso ser rude
Com a moça, quase moça...
Se a sua ignóbil atitude
Impede-me que ouça
Os brandos conselhos?
Se ela própria e os seus bedelhos
De soslaio e de propósito
Promove um ambiente hostil?
E com uma vil e colérica
Prepotência, julga-se um depósito
De sabedoria frenética?
Perdoe-me bela senhora
Se outrora fui cavalheiro!
Pois, julgando-lhe de soberana casta,
Fui amigo, caro e verdadeiro.
Mas cometi um grande pecado...
Não pensei quão seria nefasta
Uma amizade sincera!
Antes do seu trivial frenesi,
Transformei-lhe numa doce quimera.
Mas cometi um grande pecado...
Cometi o grande pecado
De não precisar de um bocado,
Dos favores, abençoados
Pelo tenaz clericato.
E assim, sinto-me capaz
De sentar do outro lado
E ver que mais um satanás
Deixa seu corpo marcado
Com a cruz do arcebispado.