Doce Quimera

Como posso ser rude

Com a moça, quase moça...

Se a sua ignóbil atitude

Impede-me que ouça

Os brandos conselhos?

Se ela própria e os seus bedelhos

De soslaio e de propósito

Promove um ambiente hostil?

E com uma vil e colérica

Prepotência, julga-se um depósito

De sabedoria frenética?

Perdoe-me bela senhora

Se outrora fui cavalheiro!

Pois, julgando-lhe de soberana casta,

Fui amigo, caro e verdadeiro.

Mas cometi um grande pecado...

Não pensei quão seria nefasta

Uma amizade sincera!

Antes do seu trivial frenesi,

Transformei-lhe numa doce quimera.

Mas cometi um grande pecado...

Cometi o grande pecado

De não precisar de um bocado,

Dos favores, abençoados

Pelo tenaz clericato.

E assim, sinto-me capaz

De sentar do outro lado

E ver que mais um satanás

Deixa seu corpo marcado

Com a cruz do arcebispado.

Ubirajara Sá
Enviado por Ubirajara Sá em 03/01/2010
Código do texto: T2009231
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