Testamento

Não há mais vontade de nada que não você

Não existe utopia que me faça sonhar

Nudez de espírito, transparência da alma

Creio que me irrito com a calma

Estou abobado comigo mesmo

Não consigo ter controle sobre mim

Sou fraco, pois quando forte peço arrego

Cresço da decência materna

Apaziguado pelas rédeas paternas

Sou guarita de mim mesmo

Cabem dentro do meu ser idéias inteiras

Crescentes vontades de verdades eternas

Saciando saudades que inspiram tentação

Humilhantes palavras que dizem ao certo quem sou

Dei-vos água pra beber e em troca recebi a punho a dor de ajudar ao ímpio

Bebi do sangue que sai pelas entranhas dum animal

Vivo sob o julgamento da sociedade

Dizem que sou bom, mas pouco sabem da realidade

Das malicias aos preconceitos

Reinvento-me dizendo a respeito

Que o racismo é crueldade

Deixar de ajudar ao necessitado é maldade

Mas sabem que o bem é preciso a toda circunstância

Ganhar e perder são pura inconstância

Jamais penso querer fazer o incerto, visto que nada que faço é errado

Pois o mundo está ao avesso

Nada é correto, mas pouco é o certo

Precisar desabafar é preciso

Saciar o insaciável desejo de amar traz sorrisos

Se sair de casa procuro abrigo

Tudo para estar contigo

Se preciso for recolherei as estrelas do céu e as colocarei no teto do seu quarto

Para teres consciência de que nada é impossível

De que mesmo com a serração embaçando nossos olhos tudo está visível

Como não ver que estás aqui?

Como não ouvir suas doces palavras me dizendo para dormir?

Mesmo sabendo que já é madrugada do dia seguinte

Continuo a deitar nas palavras, cochilar nos momentos que vivemos e sonhar com o que ainda virá

Não penso em ir me deitar sabendo que não sei se vou acordar

Mas se assim for e eu não voltar

Saiba que estas foram minhas últimas palavras pra descrever como é te amar

Sem palavras meladas

Com vontades insaciadas, verdades faladas, besteiras desgraçadas e biografia de mim mesmo contada

Mesmo que em versos distantes, estou presente seja onde eu esteja

Quero que me veja e lembre das palavras sinceras, dos beijos multisabores, dos abraços infinitos, dos dias sem dormir fazendo-te entender que não a abandonarei e que eu estou aqui

O destemido está com medo de se perder

O sem vergonha está envergonhado por ter lhe dito coisas banais

O bom entendeu que é idiota porque insistia que é do gelo que a água brota

O eletrizante perdeu seus watts e volts quando pensou que deixaria sua energia pra lhe dar a vida

O constante tornou-se recíproco por entender que não precisava compreender, pois o que sentia era totalmente incompreensível

Contudo o poeta continua a escrever mesmo se não sobreviver, sonha mesmo sem saber se pode, aparece quando todos se escondem, não tem medo de subir ao palco e cantar, frente a todos que é inteligente, mas só sabe te amar.

Luiz Aguinaldo
Enviado por Luiz Aguinaldo em 28/12/2009
Reeditado em 02/01/2010
Código do texto: T1999939
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