DESPEDIDA (DITA)
Um dia,
Um momento,
E a morte, com meu consentimento, me levou.
As lembranças vagas
Vagueiam agora em sua memória.
Minha velha preta,
Você grita que eu pare com as brigas,
Que não suba na cajazeira,
Que eu deite em teu colo e durma.
Essas lembranças te atormentam mais
Que meu sono profundo.
Dita, teu filho se foi.
Minha filha, agora tua neta,
Trará meu sorriso aos teus olhos.
Não chore nega velha!
Ainda estou na estrada,
Embora você não me veja.
Não quero que guarde de mim
Esta cena fúnebre:
Eu aqui deitado neste esquife,
Silenciando, de vez, minha existência.
Sabe velha, ainda lembra
Da minha cabeça partida?
Das idas e vindas...
De suas lagrimas na minha partida?
De como você confundia os nomes de minhas garotas...
De todas as vezes que me protegia?
Mas seu filho se foi!
E como tantas vezes que pedi,
Você me enterrou.
De você só quero uma última coisa:
Não chore!
Por que em minhas tantas loucuras,
Tudo que eu sempre quis foi a sua alegria.