B O C A

Boca é a entrada da alma
Donde sai ao fogo da quietude
ou dos nossos desaguisados
É também por onde entra
o alimento da nossa subsistência
Sai o canto de alvorada dum coração
em êxtase de amor
Sai o grito que reclama, que nega a maldade
e sai aquele mais profundo, que quebra as cadeias
das clausuras, o grito da liberdade
Com a boca se choram desilusões
Com a boca sai o riso aberto amigo
sai também o mais triste
e nela se sente o trejeito amuado
de quem carinho  não tem e deseja ser lembrado.
E nessa desilusão por não ser reparada
fecha a boca atormentada
Com a boca  se morde a côdea da dura amargura
de fome subsistência e de ternura
Com a boca se apela a razão de um coração
Com ela se faz brindes e saudações
Com a boca  cospem os  maus de  coração
Nauseados entediados e com ela o esgar de desprezo
Com a boca se  beija, salutar desejo
que se não domina, sai da alma essa
sensação que se evidencia, beijo de paixão
comunhão de dois seres que se amam e desejam.
À boca vem o sentimento de pudor de recato e modéstia,
e ela treme de irritadiça quando se sente em tumulto
pejorada e aviltada e pronuncia palavras do seu desgosto.
Da boca saem palavras que adoçam e  amargam
Saem sentenças de morte, sai o primeiro beijo o mais puro
ao seu filho recem nascido, e o beijo se dá ao ser querido
que se finou e seu coração amargurou, e sua boca o mostrou.
E com a minha boca beijo os pezinhos do meu Jesus
e as suas chagas na cruz do seu calvário de dor
e na sua boca nem um sinal de clamor por essa crueldade
Apenas um trejeito meigo de paze amor. 
tta

24-12~09

  Mote: . Boca  proposta por Denise
Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 26/12/2009
Código do texto: T1996635
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