Amálgama

Era uma vez um ser belo e invisível

surgiu de manso, bem ao lado meu!

E vinha falar de um amor impossível

que já renascia de um "já aconteceu"!...

E já aconteceu num passado plausível;

e reapareceu num presente indizível,

deste insano enredo, tão meu e tão seu!...

A sua beleza é tão inexprimível,

que rouba-me até a noção do meu eu;

seu olhar de ontem, tão triste, insensível

cobra um tempo nosso que foi, se perdeu!...

Pois era uma vez um ser lindo, temível:

toda a sua vida, a minha absorveu!

E a minha, de dois, fica indivisível:

amálgama, sina, do ser meu e teu!...

Com amor,
em maio de 1986

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Christina Nunes
Enviado por Christina Nunes em 21/07/2006
Reeditado em 26/09/2006
Código do texto: T199010
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