Amálgama
Era uma vez um ser belo e invisível
surgiu de manso, bem ao lado meu!
E vinha falar de um amor impossível
que já renascia de um "já aconteceu"!...
E já aconteceu num passado plausível;
e reapareceu num presente indizível,
deste insano enredo, tão meu e tão seu!...
A sua beleza é tão inexprimível,
que rouba-me até a noção do meu eu;
seu olhar de ontem, tão triste, insensível
cobra um tempo nosso que foi, se perdeu!...
Pois era uma vez um ser lindo, temível:
toda a sua vida, a minha absorveu!
E a minha, de dois, fica indivisível:
amálgama, sina, do ser meu e teu!...
Com amor,
em maio de 1986
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