O retorno do canarinho
Eu tenho um canário bem amarelinho
Já está bem velhinho e agora com frio
Resguarda-se escondendo o biquinho nas penas quentinhas
Seu cantar de tenor, era o seu louvor
ao nascer do dia, louvava a alvorada
alegre cantor, do nascer do sol.
Lamparina do dia, que bem o fazia.
Gorjeio trinado e tão afinado, mas
seu canto era pranto, porque era prisioneiro,
e sem companheira, que no ninho se finou.
Esse hino diário era o preito velado,
que o canarinho, solitário fazia.
Seu esvoaçar em espaço limitado tanto me condoía
Abri-lhe a portinhola,ficou assustado. Afaguei-o.
Enfim libertei-o -Voa canarinho
disse-lhe baixinho. Solidão custa...
Vai! Vai! Demanda a liberdade...perde-te na exultação
de uma felicidade a que tens direito
Porquê prisioneiro? Que crime te condena a esta pena?
Nos espaços da vida, alivia a saudade.
Nessa autonomia que tem mais valia
E nos céus se perdeu…canarinho voou.
Mas o canarinho? Um dia voltou.
Na gaiola abandonada, ele se abrigou
muito enfunado, como que dorido.
Trazia a melancolia no seu olhar
Era doloroso o seu pipilar, de esfomeado, mal tratado
quase depenado, à guerra andou. Ciente fiquei.
Foi exonerado dessa vida, que tanto apelava.
Desde esse dia, a porta da gaiola não mais se fechou.
E acordo ouvindo o trinado sonoro do canarinho amarelinho
que vai e que vem, como lhe convém, até que ele o queira.
E a vida o deixe viver essa liberdade que ele próprio obrou
De tta
14~12~09
Mote
"O pássaro prefere um simples ramo a uma gaiola de ouro" (Lao Tzu) sabedoria chinesa
Enviado por: Edir Pina de Barros