Vila Boa de Goiás

I

Quem toma pra si

as dores

que porventura são minhas:

- o rumor das ausências

que os telhados do tempo

visita?

Quem sobrevoa o cerrado

no estimulante voo guarida:

- o quero-quero solidário

que ao sinal de perigo avisa?

Quem resiste à aridez

no semblante do tépido dia:

- caviúnas e lobeiras

com seus braços retorcidos

simulando acrobacias?

Quem ilumina uma fatia

desse mundo submerso:

- a luz da poetisa

rompendo o prisma adverso?

Ah, Cora Coralina

como admitir tua partida

se em todos os recantos

do poema

te apresentas tão bela

quão viva?

II

As águas do Rio Vermelho

na antiga Vila Boa de Goiás

teus primeiros passos ainda vigiam

e as peregrinações em solo paulista

repletas estão

de poemas e simplicidade.

Tardiamente reconhecida

burlastes tempo e espaço

e, hoje, repousas tranqüila

na imortalidade.

Mário Massari
Enviado por Mário Massari em 12/11/2009
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