O AMOR, A POESIA E O POETA
(Sócrates Di Lima)
Dedico os meus versos sem rimas á poesia,
Dedico as minhas fantasias á minha inocência.,
Ou á minha loucura.
Égloga é a minha alma,
Que em versos proclama meus sonhos.
Por mais que minhas aspirações,
proclamem a minha realidade,
Minha liberdade é arrastada em elos,
Cujos sonidos ensurdecedores,
Prendem-me ás correntes do meu coração.,
E em evolução,
E eu não quero me libertar.
Sou prisioneiro do meu amor,
No cativeiro do seu coração me sinto amordaçado,
Mudo surdo aos prazeres da fantasia.
Não me submeto aos devaneios,
Proíbo-me de banhar-me em lágrimas,
Não tenho dom para sofrer,
Nem para morrer de amor.
Mas, se preciso for,
Entrego minha alma á nobreza da poesia,
E em versos me definho,
Transformo-me em letras sobre pergaminhos,
Perpetuando-me na eternidade das minhas saudades.
Mesmo que eu morra de ansiedades,
E com todas as minhas vaidades,
Levarei a alegria de ter vivido plenamente meus dias,
Nas garantias que o amor me prescreveu.
E se o sonho feneceu nas entranhas do abstrato,
Jamais serei um homem derrotado,
Nem amargurado, nem desprovido pela sorte,
Basta-me o que vivi e aprendi,
Basta-me ter a certeza de que alguém me amou,
E este amor que nunca fenecerá,
Será o júbilo cancionado pelos pastoris,
Sob céus primaveris
e em cores de anis,
Flautas, violinos, tambores,
convolando nupcias sem pudores,
Sob duas luas azuis,
Lago aquecido pelo prazer não efêmero.
E em flores, perfumes de girassóis...
Meu corpo cheira sândalo,
E em escândalo desnuda o pensamento,
Livra o coração do tormento,
E iça vôos longos sobre os cânticos,
Que os anjos entoam.
Eu grito em vozes orquestrais,
Que jamais minha alma há de chorar,
Nem se lamentar...
E na expansividade que meu sorriso alcança,
Criança, adulto reciclado,
Fantasiado de amor.
Meus olhos transbordam a alegria de viver,
E porque sofrer...
Por um amor que me domina,
É minha sina,
Não tem retrocesso,
Este amor em excesso,
É o reverso da minha medalha,
Esfinge que grita e espalha,
Um doce veneno injetado intravenoso e que não mata,
Revitaliza o amor e o conduz á eternidade,
Sem maldade,
Longe do mármore do inferno,
Perto da alegria de estar no paraíso.
E não há choque nas interpretações literais,
São reflexos de cristais,
Que o amor esconde,
No coração de um poeta que ama sem se dar conta
Do amor que assola seu coração.
E sem hesitação,
Sua alma se transforma em poesia,
Transborda, contagia.,
Para que um dia,
Os gritos do poeta se ouvirá,
Em cada canto, sem pranto,
Sem medo de sonhar.
E se alguém perguntar pelo poeta,
Na certa,
Com sorriso escancarado e de saudade,
Alguém dirá,
Que nos versos da sua poesia sobreviverá,
Em quem o amor, por certo, jamais esquecerá.,
Mas, hoje, encantado, o poeta silenciará.
(Em 04/11/2009 - 21h33 - Registrado)