PIABETÁ, EM "FOTOS E FATOS".



Três décadas passaram-se, despretensiosas,
Sem dar contas aos fragmentos do tempo.
Aqui e ali, imagens foram gravadas,
Repetidas vezes, e inesperadas,
Pelas luzes velozes e mágicas
Das pequenas máquinas fotográficas.

Entre o fixar das poses,
E dos sorrisos forçados ou descontraídos,
Foram os “clicks” fazendo,
A reprodução fiel e descritiva
Da paisagem, ou do ser,
Agora, inanimados,
Verdadeiro compêndio da história
De Piabetá, de seus anos dourados...

Piabetá, do passeio na praça,
Nas tardes de sábado e domingo...
Das meninas alegres e faceiras,
Mesmo sem namorado!
Das crianças barulhentas, em bando,
Saindo da escola de Dona Alcília,
O Alda Bernardo.

Piabetá, das ruas estreitas, empoeiradas,
Mas, com cheiro de frutas:
Das goiabas maduras, mas, tão maduras,
Que dos pés, caídas!
Das mangas pintadas, lá no alto,
Das jabuticabas, nos quintais,
Atração de crianças e passarada.

Piabetá, do cheiro de jacas,
Do aipim vendido, aos gritos,
Na velha estação do trem-de-pau!
Da praça florida, de lindas rosas e margaridas;
Das árvores “majestosas”
Repouso dos pássaros em revoadas...

Piabetá, do pequeno rio Caioaba.
Rio que corre estreito e silencioso,
Na pesca das rãs e do barrigudinho,
Sempre a alegria da garotada!
Hoje, é um rio morto. Rio abafado,
Pelo impiedoso concreto-armado.

Piabetá, dos papos descontraídos,
Dos amigos nas ruas, nos bares,
Ou à sombra das paineiras
E do jequitibá amigo...
Hoje desaparecidos,
Em nome do progresso urbano.

Piabetá, dos passeios dos jovens,
Nas tardes de domingo,
De lambretas ou bicicletas
À ponte-de-arame, ou ao Rio do Ouro,
Das igrejas cheias de fiéis, ou domingueiros,
Nos cultos da Batista ou da Assembleia,
Nas missas do Frei Arcúcio.
Das quermesses, dos leilões,
Confraternizando no Bairro,
Crenças e amizades nos corações.

Hoje, longe desses áureos anos,
És ainda, tão querida.
Piabetá dos seus anos dourados.
Sem aquele cheiro gostoso das goiabas,
Das mangas e jabuticabas...
Mas, de ruas e avenidas, agora asfaltadas!
Das belas casas e prédios, vejo,
Hospital e Escolas, e o Alda a dominar!
Ambulantes vendendo de tudo,
Em cada esquina e em todo lugar.

Piabetá, dos passeios na praça,
Dos “papos” alegres com amigos,
Nos coretos cobertos de flores
Plantadas pelo amigo Marcos Wilson.
Das conversas ao sabor da pipoca,
Do cachorro-quente, da lasanha de frango,
Comprados nos “trailers” do Primo,
Do Afonso ou do Beija-Flor!
À beira da estação do trem
Que agora, não é mais de pau!...

Piabetá, meu querido e hospitaleiro Bairro!
De ruas asfaltadas e iluminadas,
De água boa e encanada.
Belos pisos nas calçadas...
Entre os “clicks” de outros fotógrafos,
Espero que não demore muito
Um dia vê-la Cidade!


Iraí Verdan
Cadeira nº 27 – Patrono Luiz Otávio
AML - Academia Mageense de Letras

(Homenagem Poética na Mostragem sob o título “Fotos e Fatos”  idealizada,  realizada e coordenada pela poetisa e escritora Iraí Verdan, no Bairro de Piabetá- Magé – RJ, na 1ª Exposição do fotógrafo Ricardo Júnior, com fotografias de tres décadas de 1970 a 1997, do acervo próprio fotógrafo e de moradores  de Piabetá e adjacências .
Local da Exposição : Rua Brasil -1ª loja da entrada do Shopping Village -Piabetá-RJ, realizada em 27/10/1997 a 03/11/1997, com grande número de visitação pública).