PAI...
Perdestes a minha infância,
Infância crescida,
Acrescida de ausência,
Ausência tão doída.
Por vezes, te procurei
Entre tantos objetos,
Sentimentos abjetos,
Sem sucesso, eu parei.
Mas, um dia, pai,
Te encontrei...
Foi o encontro mais sublime
Que poderia ter acontecido,
Provocado por saudade sorrateira
Que seria a minha derradeira
Se não tivesse me socorrido
Naquela árvore de quime.
Olhando-me no espelho,
De repente, te vi.
Meu olhar era teu,
Mais do que meu.
Recorrendo as minhas lembranças,
Percebi mais que semelhanças,
Recordei dos teus conselhos,
Conselhos que me daria
Se aqui ainda estivesses.
E em minha frente, tu sorrias
Como se de tudo soubesses.
Vi em teus olhos, orgulho,
Apenas a minha vontade de ver,
De te fazer reviver.
Quando partistes naquele julho,
Não saberia que eu tanto iria sofrer.
Sou tua filha,
O DNA não pode negar
E o teu fenótipo brilha,
Na estrela do meu olhar.
Sei que comigo estás,
Comigo sempre serás.
E com convicção eu afirmo,
Pois todos os dias confirmo
Quando me vejo,
E te vejo,
Ao olhar no espelho.
>>KCOS<<
P.S. Dedicado a meu papai, Adjalmo de Souza (18/09/1954 - 07/07/1990).