R E L I G A R
R E L I G A R
- um poema feito rio...
dedicado ao amado Jô 22-10-89
Não de imediato
Mas desligando naturalmente
Dos valores criados pelo humano
O caminhar, estar, descortina-se como
um ato religioso...
O olhar se abre e é possível ver
e deixar-se permear pelo mistério
como da primeira vez que se viu ;
Borboleta, mar, a dança das palmeiras,
correr das águas, brumar de ondas,
rugidos do Oceano ante a insensatez...
Concha, areia e o desabrochar do anoitecer...
Como da primeira vez...
Descobrir a carícia aveludado em uma flor ...
Contemplar primeira estrela e, o breu da noite
cobrindo com seu manto terno e refrescante
bosques e planícies ...
Tilintar de folhas secas...
Redemoinhos antes da chuva e o bico
da pequena ave que equilibra penas...
Montanhas agigantando-se em beijos ao
céu enluarado...
Ouvir os pássaros também exige
o silenciar da mente, seus julgamentos
e associações ...
Comungar com toda criação é religar-se
a si próprio e abrir-se aos devires...
Ao devir Cosmo que nos habita e habilita ...
É desta forma que me entrego e rezo
e, preciso, vários momentos destes
num só dia !
É desta fonte inesgotável de beleza
que me alimento !
O ar limpa minha pele, o calor do sol
lava minha alma...
Então estou plena de mim estando entre e
nada mais é importante...
Esqueço-me um pouco,
esqueço do que quero e por ventura quis
e
do que esqueci de esquecer...
No silencio impregnado de sons e cores
naturais, minha alma encontra abrigo e,
sei que posso continuar buscando
a liberdade e a paz pois que elas habitam-me
é só querer aí estar ao natural ...
Como criança a perceber em espanto
e alumbramento a vida...
com imagem in
http:// vicamf.multiply.com/photos/album/84#photo=26