À RIMBAUD
Oh, Arthur, quando penso
No meu inferno, lembro-me
Do teu.
O veneno me é doce
E morre
Em meus lábios.
Já não sofro,
Mas deveria.
Ah, e como queria!
Não há sede, não há
Sabor, dor, amor...
Aqui não cabem religiões.
Meu batismo, no fogo
Queimou todas as minhas dores.
Dúvidas, estas são feitas
De substâncias
Desconhecidas, etéreas.
Não, não morro por elas.
Por elas,
Vivo...
'Morrer, dormir, talvez sonhar.
Eis que nos é forçoso
Ter que admitir
Que sonhos possam sobrevir
Durante o sono da morte.'
Oh, Arthur, pobre criança!
O meu, é beijo maldito...
Beije-me e deixe-me,
Pois tua é a noite
E minha, a eternidade.
>>KCOS<<