Fado enrubescido
Numa prisão de vidro enrubescido
canta esta alma de deserdado
e eu cresço dentro enraivecido
na boca tendo a noite como fado
Faço-me alma e vida já escorrida
suando nesta dor ao sol fervente
quando a colina é chama ferida
na bendita labuta de quem o sente
Que alegria imensa quando desço
a garganta que acaricio suave
e é no seu peito que me cresço
e me dou conta da conta da idade
Ao longe ouço o canto religioso
da fé que me invade e atraca o seio
de contentamento no travo e ansioso
tremem-me os sentidos no seu meio
A minha volta tudo é encantamento
é força, cor e estrada sem barreira
assim serei no homem um momento
raro de amor, poesia, flor altaneira...