ELA, DE BAGDAD!

Por entre explosões brilham seios

Em Bagdad desafogo seu suspiro

E nesses escombros, seu negro viro

Para, nos clamores, ressurgirem meios

Mulher tanto de lá quanto de Algarve

Em cujo suor de desamor há trave

Devorando já tão dilacerado âmago

E, sem mãos, em sua ânsia há afago

Iraquiana que talvez sejas a Ana

Sou o soldado lírico em explosões

Sejas feliz em Benguela ou Viana

Ecoo sua desesperança de desilusões

Aqui, alvorece o cais de sombreiro

E mesmo quando o sol se despede

Também sou aquele golfinho com sede

De seus sorrisos soltos para Fevereiro

Sigo ademais seus dias incomuns

Com sol que revolta e se desprende

Em seu corpo preso como presente

E ora desvendado nem lágrimas ruins

Nem beira nem eira para ires

Se é que queres essa letra seca

Que leva teu silêncio oco à Meca

Onde receosa tu desejas arco-íris

Em tablóides busco esses seios

Ainda acesos mas tão desejosos

De poesia da minh’alma sem pejos

E que libertam teus largos receios

Voo a alguns milhares de pés

Mas despenho desejos em ingenuidade

Perdida há…há muito nessa cidade

De cujas promessas tu já não crês

Quero, apesar disso, que sejas de lá

Daquela terra que é teu universo

Embora explosões seduzissem esse verso

De onde o horizonte seu surgi cá…

Republicado em 10 de 09 de 2009 em Luanda

Nkazevy
Enviado por Nkazevy em 10/09/2009
Código do texto: T1802871
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