LEMBRANÇAS DE GOIAZ
LEMBRANÇAS DE GOIAZ
Um preito à poetisa goiana,Cora Coralina
Quem me dera eu poder
Buscar fundo na memória
Teus segredos bem guardados
Que compõe a tua história.
Robustos madeiros estendidos
São quais os esteios aprumados.
Inclemente, bateu-lhes o tempo,
Minou-lhes paciente os veios;
Ante a inexorabilidade dos séculos
Não pode a férrea aroeira.
Toscas aldravas de ferro
Que fostes tão pouco à bigorna,
Das grossas portas companheiras.
Moradores rogam-lhes a Deus
Saudosos dos entes seus
Notícias alvissareiras.
Telhas de barro emborcadas
Nas coxas roliças dobradas
Guardam incólumes os cimos.
Vieram o sol, a água, veio o limo,
A cumeeira enegreceu,
Donde o vetusto aspecto
Os anos marcantes lhes deu.
Dos maciços madeiros serrados,
Das peças grosseiras de ferro,
Às resistentes telhas de barro,
Tudo, tudo, rememora
A doce face de Cora.