Chuvas de Campo Grande
Uma loucura de inverno
Um bafo quente
Na Cidade Morena
Águas do passado presente
Um sol e um aviso
A homenagem ao pródigo
De um tempo imprevidente
Choveu tanto em tao poucas horas
Que me pergunto de atrevido
Será por mim que chove medo?
Ou será o acaso contando o vento?
Na terra vermelha a lama atenta
Campo Grande nunca esquece
Tanta água na Afonso Pena
Quanta ironia e não serena
Nao há tristeza nem alegria
Estupefatos à minha presença
De férias a toa neste canto
Que nunca vi assim tão molhado
Muito menos de pernas loiras
Uma coitada tão de mentira
Numa cidade de verdades bobas
Não tem o que fazer
Quando chove em Campo Grande
Três anos sem te ver
É o preço de nao ser constante
Mas você me acolhe
Bem a tempo de seu aniversário
Cidade que cresce e aparece
E se vinga de seu passado
Parabéns Campo Grande
De alma caipira e esperança capital
O seu centro se dissolve
À história de seus maridos
Um pranto amoroso e frágil
De um defeito quase maternal
Cento e Dez Anos de vida ancestral
Sua chuva é uma homenagem
Não por mim egocentrista
Um garoto planta alienígena
Que te ama e não te precisa
Um abraço à você que água
Me limpa todo de meu viver
Vou embora pra casa agora
Campo Grande já nao posso ser.
(2009)