VISÃO
(À minha amiga Terezinha Martini)
o que olhas, meu poeta?
Vejo nos negros escombros chamuscados
No espectro dantesco que sobrou
Da hecatombe que se abateu
Uma pena solitária de pomba
Desalojada no meio da noite
Sem salvar seus filhotes
Todas as manhãs ela volta
Ronda sobre os escombros
E no seu coração de mãe
Ecoa o arrulho incessante dos filhos carbonizados
Em sua ingenuidade, não se apercebe
Que eles voam sobre as nuvens
Com uma plumagem alva
e, ao invés de duas, tem quatro asas
Junto com as dos Anjos ... que os carregou.