Raul e os pássaros

Todo dia ele coloca na sua sacada
alpiste, pepino e outras comidas gostosas
e fica esperando escondido por detrás da cortina
os pássaros aparecerem fazendo alvoroço.

Do alto do seu quarto andar,
no barulho rotineiro da capital paulistana,
ele consegue distinguir o piar e o cantar
dos pássaros na sua janela a pousar.

Ele compra puleiros, xaxins, plantas e brinquedos
para que as aves se sintam em casa e possam descansar
brincando e bebericando da água da fonte
que ali também se encontra a jorrar.

E, quando eles vêm, seus olhos brilham,
tamanha é a sua felicidade e alegria;
pois, em meio a um mar de gigantes prédios,
é em seu apartamento que os pássaros fazem moradia.


Poesia publicada no livro Sangue: literatura e outras loucuras,
de Márcio Martelli, Editora In House (2008).