AO RECANTO
Eu trago ao meu recanto;
Canto de tantos outros
Encantos e encantadores,
Palavras voadoras,
Versos de amores
Troco poemas
Faço credores
E devedores
Eu trago a este recanto
Um pouco de meu canto
De meu oco
E de meu cheio
Trago dor e devaneio
Faço amor, compro feito
Eu saboreio
Como o último
De muitos banquetes
Eu trago ao tal recanto
Tanta coisa que me espanto
Haver tanto olhar
Aos meus contos
Meus poemas semi-prontos
Quase tortos
Sem forma, sem rima
Ou sim, com elas
ao final do dia
Não sei se levo a ele
Ou ele vem em mim
Eu trago ao recanto
O meu recanto
Que é um pouco
De todos os outros
Que me trazem.