O MORTO

A força do vento leva no cortejo as lembranças
tantas
tudo agora é poeira
que aos poucos se perde no infinito...

Mais uma vida que passa
mais um sonhos chega ao fim !

Silencioso o cortejo segue os últimos passos
vai pela curta estrada
derramando lembranças
murmúrios tristes
flores ao vento
lamentos
e sonhos selados com preces e lágrimas.

Sorrisos e tristezas
contidos no mesmo ato:
- lembranças ! saudade!

Enquanto o cortejo passa
num silêncio fúnebre !

Redimido das culpas o corpo vai
sem mais sofrimentos
sem constrangimentos...
numa plenitude de paz
que ninguém é capaz de entender !
com que semblante sereno do morto vai !

- Prá onde será que vai ?

Vai livre das amarras da vida
livre do castigo imposto aos mortos que voltam
e que vagam, fazendo sofrer as vidas que vivem.

O morto é morto!
e segue lúcido sem dar um passo
vai sobre lembranças levado 
enquanto a alma repousa distante
como ave num voo infinito
no seu último ato!

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Ao primo
Maurício Pinto de Araújo fev/2008
Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 29/06/2009
Reeditado em 31/07/2015
Código do texto: T1674122
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