Guará, terra do sol nascente...
No início do século XX
Com a cultura cafeeira em expansão
Vão surgindo as cidades da nossa região
Em Guará apareceu a tal da estação
Mas a ferrovia tinha uma função
Atender a economia e o transporte do grão
O café perdeu a pose
A estrada de ferro perdeu rumo
Acabou-se a estação da esperança
Trem de ferro só lembrança
"Esse prefácio é para a apresentação de uma poesia sobre a cidade e seus habitantes, texto do autor Celso Lopes.... guaraense assim como eu."
“GUARÁ - UM FILHO TEU NÃO FOGE...”
Ainda hoje me faz falta
Uma palavra exata sobre a minha origem:
Sou uma ave pernalta
Ou sigo meu caminho sobre quatro-patas?
Se quero asas para singrar os céus,
Galgar sobre as cores do arco-íris
E comer nuvens de algodão...
Também me dou pernas fortes e ágeis,
Sou como um lobo-guará de olhos ariscos,
A vigiar a mim mesmo dos riscos
Deste chão!...
Sou garça desde os tempos da minha avó,
Ou quem sabe, um filho rebelde
Da antiga matilha expulsa pelo asfalto...
Mas o que me faz falta é uma palavra exata,
Que brade aos quatro-ventos, que exale cheiro
Do mato, que exalte minha cachoeira, o Sapucaí...
Uma palavra que siga, indefinidamente,
As margens do rio-verde, o meu ribeirãozinho,
As terras da grota e da água fria...
Faz-me falta uma palavra assim:
Intensa, extensa, delicada, plural, completa...
Que abrigue toda a emoção dessa minha prosa
com o Tempo!...