À Tomás Cavalcanti: amigo, mentor e poeta
E finalmente fiz,
como dedicada aprendiz,
o que me pediu um dia,
rebusquei em minha lembrança,
no meu tempo de criança,
foi aí que me dei conta,
que o passado então desponta,
no presente o tempo todo,
ele é presente agora,
passado ficou, não foi embora,
como me questionou uma vez.
As suas palavras exatas,
é certo,
não me falha a mente,
“o tempo não envelhece,
passado é sempre presente,
na vida da gente”.
Lembra?
E então, como se sente?
Eu, uma privilegiada,
por ter sido tão amada,
pelo querido poeta,
esse meu avô segundo,
é tão grande esse mundo,
e também meu coração,
para caber os dois senhores,
o avô de sangue e o de emoção.
Poeta sensível e galante,
de anos não muito distantes,
dos meus tempos de menina,
foi quem me ensinou a rima,
a amar a poesia,
e com toda maestria,
mostrou como olhar a vida,
com olhar calmo, paciente,
debochado, mas contente,
que com toda sua eloqüência
me ensinou a paciência,
no meu tudo querer saber,
só tenho a agradecer
por toda sua estesia,
sendo amigo, sendo mestre,
com seu carinho inconteste,
e a indulgência dos amáveis,
para com os jovens curiosos,
perguntadores incansáveis,
como eu,
em minha avidez,
por saber de uma só vez
todas as coisas do mundo,
e acordou de repente
a poesia latente,
que já habitava em mim
assim,
lendo os versos poeta,
que quase como profeta
via em sua quase neta
o amor pelas palavras,
e incentivava aquilo,
me tomando com Musa
de sonhos inspiradora,
veja só, hoje uma autora,
graças o todo o esmero
daquele romântico eterno,
ou do eterno romântico
retórico, semântico,
dono da arte de escrevinhar.