AGORA VAGO OLHAR / À MINHA AVÓ ELZA
PERCEBO PELO SEU VAGO OLHAR
QUE ESTÁ DISTANTE, MUITO LONGE.
AQUELA QUE TANTO VIVEU,
TANTOS DIAS PERCEBEU.
AGORA SE DISTANCIA DA VIDA
EM AGONIA.
AQUELAS MÃOS
QUE ME ACARICIAVAM,
AQUELE COLO
QUE ME ACALENTAVA.
AQUELA AVÓ
QUE ME ERA RAIZ.
AGORA PAIRA
TAL QUAL UM ESPECTRO.
PERDEU-SE NOS MEANDROS DA DEMÊNCIA.
EM ALGUM LUGAR
ATÉ DISTANTE DE SI MESMA.
ME OLHA DE LONGE,
SEM ME VER,
NEM ME PERCEBER.
NOS RUMOS DA SUA HISTÓRIA
QUAL PAPEL DEVE ESTAR DESEMPENHANDO
AGORA?
TERÁ CONSCIÊNCIA ATÉ DE SI MESMA?
RECEIO QUE NÃO
E ESPERO QUE NÃO SOFRA.
AQUELA NUVEM INSIDIOSA
TOMOU-ME ALGUÉM TÃO QUERIDA.
POR QUAIS CAMINHOS E DESCAMINHOS
ELA PERCORRERÁ AGORA?
NÃO PODERIA SABER...
AFASTO DE MIM
ESSE ESPECTRO.
TENHO MUITO A LEMBRAR
E A RECORDAR.
SOU FELIZ
PELA VIDA DA MINHA AVÓ!