AGORA VAGO OLHAR / À MINHA AVÓ ELZA

PERCEBO PELO SEU VAGO OLHAR

QUE ESTÁ DISTANTE, MUITO LONGE.

AQUELA QUE TANTO VIVEU,

TANTOS DIAS PERCEBEU.

AGORA SE DISTANCIA DA VIDA

EM AGONIA.

AQUELAS MÃOS

QUE ME ACARICIAVAM,

AQUELE COLO

QUE ME ACALENTAVA.

AQUELA AVÓ

QUE ME ERA RAIZ.

AGORA PAIRA

TAL QUAL UM ESPECTRO.

PERDEU-SE NOS MEANDROS DA DEMÊNCIA.

EM ALGUM LUGAR

ATÉ DISTANTE DE SI MESMA.

ME OLHA DE LONGE,

SEM ME VER,

NEM ME PERCEBER.

NOS RUMOS DA SUA HISTÓRIA

QUAL PAPEL DEVE ESTAR DESEMPENHANDO

AGORA?

TERÁ CONSCIÊNCIA ATÉ DE SI MESMA?

RECEIO QUE NÃO

E ESPERO QUE NÃO SOFRA.

AQUELA NUVEM INSIDIOSA

TOMOU-ME ALGUÉM TÃO QUERIDA.

POR QUAIS CAMINHOS E DESCAMINHOS

ELA PERCORRERÁ AGORA?

NÃO PODERIA SABER...

AFASTO DE MIM

ESSE ESPECTRO.

TENHO MUITO A LEMBRAR

E A RECORDAR.

SOU FELIZ

PELA VIDA DA MINHA AVÓ!

MARIO WERNECK
Enviado por MARIO WERNECK em 22/05/2009
Código do texto: T1608445
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