Caldeirão do Inferno
Estão cheios os tachos do inferno!
Queimai até fazer raspas!
Para alimentar os bernos,
Que entram nas suas feridas em cascas!
Vejam lá pançudos canibais,
De reis devoradores...
Nobreza: não serão jamais,
Serão sempre reles imitadores!
Vejam corpos idôneos sem Alma,
Péssimos exemplos da própria raça!
Semeadores de discórdia,ladrões da Calma,
Torturadores em plena praça!
Vejam os glutões entalando-se com páginas
Tentando possuir conhecimento...
Ruminando nas próprias fedentinas,
Folhas secas levadas pelo vento!
Vejam falsos mestres andando nus,
Pensando vestir linhos puros...
Sobre eles voam urubus:
São sepulcros caiados escuros!
Vejam lá aqueles vestidos,
Com papeis escritos com pena...
Caminham todos metidos,
Achando ser filósofos em cena!
Vejam lá os olhares altivos,
Onde a humildade nunca desceu...
São cegos,os mortos vivos,
O corvo seus olhos, comeu!
Vejam lá os filhos da ilusão,
Alimentados de lisonjeio...
Vão arrotando podridão,
Quando o ego fica cheio!
Vejam lá a corja de mentirosos,
De si mesmos enganadores!
Sentem-se tão orgulhosos...
De futilidades criadores!
Vejam lá andarilhos perdidos,
Na verdade perdem-se em fugas...
Interiores com mágoas,mendigos!
Uns dos outros: sanguessugas!
Vejam todos os demônios,
Comemorando o grande banquete!
Fartar-se-ão de pseudônimos,
E dos usados da Serpente!
São Paulo, 16 de Maio de 2009.