Envelheceste tão depressa, 
Andas agora de passinho

Dependes de uma bengala

Os sons sumiram e os nós da vida
Convertidos em  silencio
Encurtaram-lhe a fala

Seu enxergar já curto
Encarcerou, o seu mundo  

Nas paredes de sua sala

Os pensamentos que distraem
São seu único passatempo, 
Da mente, agora sua senzala

A consciência vã, contudo
Ainda é uma mão maldita
Que no peito lhe apunhala

O rio da vida que seca
Em seus olhos, fez de você
Um andarilho no fio da navalha

Já não se lembra dos filhos
Não tem mais amigos

Nada resistiu à memória falha

Dormes só, na cama larga 
Esquenta-lhe o corpo,  
O vinho e o seu velho pala!.

 
Celio Govedice
Enviado por Celio Govedice em 16/05/2009
Reeditado em 08/04/2017
Código do texto: T1597342
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