PASSOS DE QUEM

É da cana é do milho

É da mãe é do filho

É do branco é do negro

É do santo sossêgo

Onde há ocaso bonito

No céu infinito

Do tempo nublado

Do campo plantado

Da rua bem cheia

Pelo povo da aldeia

Da hora da missa

Da santa preguiça

Do tempo da farra

Onde a turba se esbarra

A boa gente e a mesquinha

Lado-a-lado caminham

Da hóstia e da droga

Do capuz e da toga

Do terço e da faca

Da cama e da maca

Do mau cidadão

E do santo ancião

Pedaço deste universo

Que pus no meu verso

Cidade onde moro

Que odeio ou adoro

Que no lago criado

Nada o peixe soltado

Aqui tem briga tem morte

Tem fraco e tem forte

Tem monte de palhas

Tem multidão de canalhas

Tem pasto com gado

Mas tem cano estourado

Tem mansão de ricaço

Mas tem casebres em pedaços

Tem beatas e donzelas

E prostitutas tão belas

Tem pastores rezando

Gente vil traficando

Tem Deus tem diabo

Tem remo sem cabo

Tem canoa furada

Tem tramóia arranjada

Enfim tem de tudo

Me esforço e não mudo

Até com Deus é assim

Quem dera de mim.

Cento e cincoenta e dois anos, de suor, ou safadeza, de nobreza, ou canalhice, que no dia 14 de máio, PASSOS-MG irá viver belamente colocada ao lado do LAGO MASCARENHAS DE MORAIS, TENDO AS SEIS CACHOEIRAS MARAVILHOSAMENTE INCRUSTADAS COMO SE O NOSSO MUNICÍPIO FOSSE UM LINDO DIADEMA.