Mestre cultiva flores entre ruínas

Cura o terreno das cinzas

Regressa ao novo circo de lamentos

A alma fatigada do homem

Apressado, esgotado, selvagem,

Oferecendo a flor,

A qual tal homem pisará com desprezo e dor,

Retire com as lágrimas da infância roubada,

Com o peso dos ombros cansados do ancião

A tinta cinza da parede, revelando frases ternas

Corre entre os carros e aos berros

Maluco, louco, rouco,

Grita o amor, entre os carros e buzinas

Devolve ao homem a flor esmagada,

Quiçá há de perceber o aroma eternal

Salva toda gente da ira,

Do embaraço de amar, perdoar, chorar,

Preenche todos os muros da cidade

Com suas palavras de gentileza

E retribua com amor o escárnio bruto

Desse povo descrente do próprio ser,

Vem e salva a criança grande

Leva ao circo onde se possa sonhar

Sejas mais uma vez maluco

Para me amar e louco para me salvar.


Singela homenagem a José Datrino conhecido como o Profeta Gentileza. (1917/1996)

Lu Portaux
Enviado por Lu Portaux em 30/04/2009
Reeditado em 30/04/2009
Código do texto: T1568374
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