Mestre cultiva flores entre ruínas
Cura o terreno das cinzas
Regressa ao novo circo de lamentos
A alma fatigada do homem
Apressado, esgotado, selvagem,
Oferecendo a flor,
A qual tal homem pisará com desprezo e dor,
Retire com as lágrimas da infância roubada,
Com o peso dos ombros cansados do ancião
A tinta cinza da parede, revelando frases ternas
Corre entre os carros e aos berros
Maluco, louco, rouco,
Grita o amor, entre os carros e buzinas
Devolve ao homem a flor esmagada,
Quiçá há de perceber o aroma eternal
Salva toda gente da ira,
Do embaraço de amar, perdoar, chorar,
Preenche todos os muros da cidade
Com suas palavras de gentileza
E retribua com amor o escárnio bruto
Desse povo descrente do próprio ser,
Vem e salva a criança grande
Leva ao circo onde se possa sonhar
Sejas mais uma vez maluco
Para me amar e louco para me salvar.
Singela homenagem a José Datrino conhecido como o Profeta Gentileza. (1917/1996)