MINHA TUA CARNE
 

Carne,
Dilacerei-te toda,
No desespero na cama
Na nua e fria trama.

Olhei-te com os olhos inocentes de quem ama,
Mas consciente de que não és tola,
Seu presente, se presente não é um presente;
É barganha.

Mesmo sem a moeda
Mesmos sem as notas, 
se nota que a próxima nota será
a do cântico dos falidos.

De esperança
De lembranças
O aconchego que não vale apego
Em qualquer cama você alcança
A mesma lembrança.

Ou um calor maior
Uma sensação melhor
Para tantas possibilidades
Muitas serão as diferenças
Do jeito da carne.

Para que o apego
Se um aconchego não basta
Se bastar, não se basta
e o desejo te lança as andanças
Em busca da dança das virilhas.

Enxergo-te sem desejo
Agora satisfeito em busca de um lampejo
Que me ajude a sair sem ofuscar
O seu desejo de mais um beijo.

Antonio C Almeida