NO ADEUS
Pesquisando velhas recordações encontrei nos arquivos do tempo um poema que me foi dedicado por um grande amigo, Joaquim Monteiro, e que, com o seu consentimento, aqui vou reproduzir, prestando assim uma merecida homenagem ao homem de letras, autor do romance "A Filha do Embaixador".
São os contrastes da vida
Que a vida a todos traz
Vai-se embora e aqui se fica
Fica, vai e tanto faz.
É o caso do meu compadre
P ra Ponte da Barca sai
Deixa cá a "Lusitana"
Mas p ra Lusitana vai.
Àquele que não entende
Vou bem fazê-lo entender
Pois só assim se pretende
A resposta compreender.
"A Lusitana" é uma firma
Do transporte é pioneira
Pois quem assim o afirma
É a tradição brasileira.
A Lusitana è uma terra
De nobre povo, valente,
Tem alma rica que encerra
A grandeza mais latente.
Uma é bigorna, é trabalho,
Outra é berço, é relembrança,
Uma é garimpo, é cascalho,
Outra é fonte d esperança.
Assim é e assim será
Onde uma finda, outra nasce
E aquela sempre terá
Da outra a fé que renasce
Vendo assim por pátrios olhos
A identidade evidente
Vê-se porque o compadre
Está assim tão contente.
Mas permitam-me que afirme
P ra Portugal ele vai
Mas o coração do Oliveira
Da "Lusitana" não sai.
Busca outro nas Lezírias
Anda à procura nos montes
Da tua terra natal.
Vê se encontras lá no Minho
Um coração bem feitinho
Como o que deixas aqui.
Este é nosso, já nos deste
Pois foi assim que fizeste
Tão logo chegaste aqui.
Mas se um dia retornares
A estes nobres altares
Duma amizade sem fim
Irás vê-lo novamente
Bonito, alegre, contente,
A segredar-te assim:
"Sou português bem o sei,
Mas sou também brasileiro
Só por força de uma lei
A lei de ser justiceiro"
E agora para findar
A homenagem derradeira
À família do Oliveira
Peço vénia p ra acenar
De saudade, o lenço branco
Que connosco há-de ficar.
S. Paulo, 4 de Junho de 1982