Menina

Às vezes as coisas se apresentam meio sem graça, menina,

talvez, à medida que ficamos mais velhos,

o escuro se mostra mais denso

e os medos e problemas mais reais, sérios.

Talvez devêssemos aceitar melhor

o que recebemos da vida.

Eu não sei de você, menina,

mas eu não sei, ainda, quem eu sou.

Sei que hoje eu estou aqui.

Sei que hoje eu te escrevo, te escuto.

De amanhã, menina,

de amanhã nada sei.

Menina, te confesso que já caí de amor

e me levantei pela amizade,

por você, pela labuta

e pelas linhas desconhecidas da afetividade.

Quem sabe isso, do homem, marque a idade,

não a cronicidade dos fatos,

mas a forma como se é capaz de levantar

de cada tombo sofrido, tudo sempre a seu tempo.

Esses versos são seus, menina,

porque você me pediu,

porque você precisava,

porque não há outra pessoa para os dar.

São meus, também, esses versos,

pois aqui eu morri,

aqui eu renasci,

aqui eu me deixei para você.