Ah! Filhos...

Filhos, filho de minhas entranhas.

De minhas arrojadas manhas

De minhas eternas manhãs

De minhas faces tão estranhas

Filhos, fruto de minhas façanhas...

De noites tão mal dormidas

De minhas frias madrugadas

De balanços ao colo em toadas,

Em mimos até a febre ter sua ida.

Filhos, filho de um amor amado,

De corpo dantes nunca navegados

De um tempo indo-se tão causticado

Deste meu corpo agora mal tratado

Hoje, porém , 'quase' vivido! Tentado!

Filhos, filho de saudades perdidas.

De palavras vãs ditas e sofridas

De razões nunca tão bem aceitas

De várias paixões não refreadas.

Filhos, filho de um lindo sorriso.

De tristezas assistidas pelo tempo

De um tempo não tão preciso

De estações sem o seu devido tempo

Brincando-se aos léos de passa tempo

Resultado de minha rigidez de indeciso.

Filhos, filho, seja menina ou menino,

Interrogação do esquisito destino.

Já dizia o Drummond pressentindo:

- “Filhos, melhor nunca tê-los!

Mas se não os temos,

Como sabê-los?”

Filhos, filho de meus zelos.

De meus eternos devaneios

Filhos que tanto os enlevos;

Estes que ainda os procuro nos meus seios.

Mesmo apesar de tanto enleios,

Por Deus, jamais quero perdê-los!

Marcos Antony
Enviado por Marcos Antony em 23/04/2009
Reeditado em 24/04/2009
Código do texto: T1555777
Classificação de conteúdo: seguro