Ah! Filhos...
Filhos, filho de minhas entranhas.
De minhas arrojadas manhas
De minhas eternas manhãs
De minhas faces tão estranhas
Filhos, fruto de minhas façanhas...
De noites tão mal dormidas
De minhas frias madrugadas
De balanços ao colo em toadas,
Em mimos até a febre ter sua ida.
Filhos, filho de um amor amado,
De corpo dantes nunca navegados
De um tempo indo-se tão causticado
Deste meu corpo agora mal tratado
Hoje, porém , 'quase' vivido! Tentado!
Filhos, filho de saudades perdidas.
De palavras vãs ditas e sofridas
De razões nunca tão bem aceitas
De várias paixões não refreadas.
Filhos, filho de um lindo sorriso.
De tristezas assistidas pelo tempo
De um tempo não tão preciso
De estações sem o seu devido tempo
Brincando-se aos léos de passa tempo
Resultado de minha rigidez de indeciso.
Filhos, filho, seja menina ou menino,
Interrogação do esquisito destino.
Já dizia o Drummond pressentindo:
- “Filhos, melhor nunca tê-los!
Mas se não os temos,
Como sabê-los?”
Filhos, filho de meus zelos.
De meus eternos devaneios
Filhos que tanto os enlevos;
Estes que ainda os procuro nos meus seios.
Mesmo apesar de tanto enleios,
Por Deus, jamais quero perdê-los!