Alguns Versos ao Recife
Contemplo uma cidade repleta de pontes,
Cidade antiga, cidade-praças, cidade-palácios,
Cidade intensamente povoada em todo o seu espaço,
Cidade-postes, cidade-teatros, cidade-fontes.
Ó cidade dos rios, quem te fez tão bela?
Será que foi o esforço dos nobres portuguêses?
Será que foi o bom-gosto dos invasores holandêses?
Será que foi obra dos religiosos e de suas rezas?
Sei que de fato tudo isso teve influência,
Mas o principal protagonista foi o povo mestiço,
Sempre atuante, sempre oprimido, sempre aguerrido,
Amantes dessa cidade, acima de qualquer governo ou regência.
Amo-te, sou um recifense da gema!
Amo-te, ó terra que me deu a luz!
Sou teus rios, teu solo, teu concreto,
Sou tuas avenidas, teus museus, teus cinemas.
Para onde caminhas, ó terra de Manuel Bandeira?
Para onde onde vais, ó amada de Ariano?
Sei que irás sempre em frente, terra que adoramos,
Engrandeces o teu nome até as mais distantes estrelas!
Do interior de um prédio alto, contemplo-te,
Admiro tuas pontes, eis teu sistema arterial,
Admiro tuas ruas, eis teu sistema circulatório,
Percursos do branco, do negro e do oriental,
És belíssima, Veneza brasileira, és algo quase ilusório,
Tamanha a sua importância histórico-social,
E tamanha a sua relevância nacional.
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