OLGA
(Em memória)
Um dia me fostes vestes carnais
E trouxeste-me a este mundo
Onde reina o sol
e seus filhos tonais...
Pariste-me em circunstâncias
Que de sob a mangueira no quintal
Divisava do céu as reentrâncias
Em divino sopro outonal...
Desembrulhado e nu diante de ti
Te reconheci pela pele e suas cismas
Pois ainda não me via e vi
Teus olhos úmidos abaixo e acima...
Pois és mãe como a Natureza
Que também embalou-te e trouxe
Teu primeiro corpo em beleza
Rainha de um reino que te fosse...
Sedento de vida e ares
Saltei-te dos braços
E pus-me em recitares
Como hoje 'inda faço...
Olga, Olga, Olga,
Primeiro poema em leite,
Olga, Olga, Olga,
Transfundido dente deleite...
Como ondas filhas de um mar
Que se levanta e ruge sais,
Pus-me delicadamente a te tocar
E compreender-me entre os animais...
Abençoado por mãe tão generosa
Nada tenho a dar-te a não ser versos
Que os componho em cálida rosa
E te consagro em meu amor imerso...
Por companhia em infinita lembrança
Minhas preces a um deus roga
Que te guie como estrela 'inda criança
Que se te perderes te chamem..." Olga..."
Com amor,
Preto Moreno