É POR ISTO QUE EU ADORO SER EU

É POR ISTO QUE EU ADORO SER EU

Não sei onde está escrito isso,

nem quem determinou assim,

que eu nasci para ser submissa,

que é o melhor para mim!

Eu nasci mulher, não uma coisinha,

ninguém tem o direito de me manipular,

tudo bem, eu posso ser meiguinha,

mas frágil e submissa nem pensar!

Não quero dar uma de mulher macho,

mas peraí, eu ser meiguinha te basta?

Prefiro dizer logo tudo que eu acho,

se não agradar, tudo bem, você se afasta!

Porque eu não nasci no tempo da Amélia

e não vou fingir ser o que eu não sou,

isto não existe é história velha,

que um dia alguém inventou!

Sou uma criança completamente indefesa,

quando sou tratada com amor e carinho,

mas eu também sei virar a mesa,

quando insistem em ditar o meu caminho!

Eu me desdobro em tantas, trabalho fora,

chego em casa, tenho um bom pedaço pela frente

e sabe com quem eu posso contar nesta hora?

É comigo mesmo, sempre e somente!

Eu não posso deixar para depois,

porque o amanhã é igual a qualquer outro dia,

meu salário ajuda e o cansaço é igual para nós dois,

mas se reclamo: "Sai pra lá Dona Maria!"

É para ter o seu respeito que eu me assumo,

enfrento as minhas e as suas crises,

afinal pra gente se manter no prumo,

alguém tem que perdoar pequenos deslizes!

Eu continuo sendo suave, gentil, delicada,

mas também tenho calos nas minhas mãozinhas,

pego no batente, não dou uma de mimada,

nesta hora quem bate palminhas?

Eu vou à luta, encaro a vida numa boa,

lavo, passo, cozinho e ainda dou carinho,

se eu não sou um show sendo esta pessoa,

aiaiai, stop... Saia do meu caminho!

Não, eu não sou uma “coitadinha”,

sou uma mulher do século vinte e um,

que se não aprende a se virar sozinha,

é descartada, não tem valor algum!

Não quero ser rotulada de encosto,

ver meu homem infeliz, de cara amarrada,

eu quero que ele me tenha por gosto,

e se considere uma pessoa privilegiada!

Eu não quero sobressair, chamar a atenção,

quero somar, compartilhar, sem ser competitiva

e sei que disfarça, mas me acha um tesão,

como faxineira, mãe, amante ou executiva!

E agora? Crê que alguém vai querer me censurar,

por eu não ser só aquela coisinha doce?

Alguém me aplaudiria e saberia me valorizar,

se eu assim não fosse?

Pois é, eu quero continuar sendo esta mulher,

que sabe segurar a sua onda e a minha

eu sei que é exatamente assim que você me quer

e faz questão de dizer: Esta é a minha fofinha!

E eu sou!

Célia Jardim

BH, 06/03/2009

Célia Jardim
Enviado por Célia Jardim em 09/03/2009
Reeditado em 08/04/2015
Código do texto: T1476827
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.