CANTO AO SAUDOSO POETA OLAVO BILAC
"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso". E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas pálido de espanto..."
... Escreveu Bilac, o Poeta!
Silente e fria, a madrugada...
deste inverno em seu começo.
Eu já desperta do sono,
abro a janela do quarto
na esperança de ver estrelas...
Penso e recordo Bilac,
o meu Poeta predileto!
Afugento então, as neblinas
do céu do meu pensamento,
para ver o grande clarão,
que se estende no firmamento,
quando a Lua-Cheia, esplendorosa!
Nas saudosas noites de abril,
deitada sobre um manto de cintilante,
reina soberana no céu do Brasil!
Antes que o Sol desperte,
e erga do sono as montanhas,
sorvo a brisa fria e macia
que o inverno espalha no ar.
Procuro então, na Via Láctea,
minha Estrela favorita,
que o grande Poeta
não cansou de cantar...
Entre o crispar deslumbrante
das luzes e constelações,
um pouco distante
lá está a estrela - altiva, solitária,
do belo Cruzeiro do Sul
a companheira constante.
Embevecida por esta luz,
enquanto a aragem fria
ainda passeia em meu rosto,
vou lembrando a infância ida,
já tão longe em minha vida:
o levantar tão cedo, a tremer de frio,
para contemplar na Via Láctea,
a brilhante Estrela D'Alva,
a Estrela tão querida!...
Iraí Verdan
Magé,RJ, 07 de julho de 2008.